Em três dias, R$ 4,5 milhões foram arrecadados a fim de custear os boletos daqueles alunos quem não tem condições de arcar com o valor de R$ 85 mil
Diario de Pernambuco
Foto: Inep/Divulgação
O movimento de um professor nas redes sociais beneficiou 120 estudantes negros, de 20 estados brasileiros, a pagarem suas inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em três dias, cerca de 53,2 mil pessoas se voluntariaram e R$ 4,5 milhões foram arrecadados a fim de custear os boletos daqueles alunos quem não tem condições de arcar com o valor de R$ 85.
Professor de Inglês na cidade de Petrolina, Sertão do estado, Cristiano Ferraz, de 26 anos, iniciou o movimento com uma publicação no Instagram, no dia 3 de junho. Através de sua rede de contatos de educação e cursinhos populares, em poucas horas recebeu uma enxurrada de inscrições de voluntários, solidários à causa.
"Vivemos tempos muito complicados no Brasil e no mundo, politicamente. As pessoas abraçaram a oportunidade de ajudar além das hashtags. Eu não esperava 50 adesões e passamos das 50 mil em 72 horas", afirmou Ferraz em entrevista à Revista Época.
A demanda foi tão grande que Cristiano precisou montar uma rede de apoio. Luísa Guimarães, de 25 anos, sua ex-colega de relações internacionais na USP, e mais cinco pessoas formaram o núcleo do movimento. Outras 39 ajudaram na operação.
O Movimento Amplia, como foi posteriormente batizado, além de estudantes negros, mirou em indígenas e pessoas com vulnerabilidade social. Segundo dados do Amplia, 347 estudantes solicitaram o pagamento de sua inscrição do Enem, no entando, apesar de todos os inscritos terem sido contactados, apenas 120 conseguiram enviar o boleto e receber o benefício.
Alguns desses estudantes conseguiram isenção de última hora. Outros enfrentaram problemas de acesso à internet. Ao todo, foram efetivamente pagos R$ 10 mil em boletos.
De acordo com os dados ainda, dos 120 beneficiados, 93% são negros, e 77% são mulheres. Seis em cada dez têm entre 15 e 20 anos. 53% são do Sudeste, e 31%, do Nordeste. Os estados com mais estudantes beneficiados foram Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo.
Agora, finalizadas as incrições, o movimento lançou um segundo projeto a fim de ajudar na permanência de estudantes negros e indígenas nas universidades. O Siga em Frente com os movimentos 4G para estudar e Rede Emancipa, de educação popular e pede uma colaboração de R$ 30 aos voluntário que desejem dar suporte à causa.
"Além da solidariedade, lutamos politicamente para apoiar o acesso de minorias às universidades. Conseguir fazer a prova é só um passo. Depois, vem a permanência nos estudos", disse Luísa Guimarães.
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