O presidente lamentou a tragédia, criticou a ausência do governador Paulo Câmara no evento e anunciou medidas para auxiliar as vítimas
Do G1
Foto: Pedro Alves/g1
O presidente Jair Bolsonaro (PL) sobrevoou, na manhã desta segunda-feira (30), algumas das áreas mais atingidas pelas chuvas no Grande Recife. Acompanhado por ministros, o presidente concedeu entrevista coletiva, lamentou a tragédia, criticou a ausência do governador Paulo Câmara (PSB) no evento e anunciou medidas para auxiliar as vítimas.
O presidente recordou que as chuvas causaram outros desastres. "Tivemos problemas semelhantes em Petrópolis, Sul da Bahia, mais ao norte de Minas e eu estive ano passado no Acre, também, e infelizmente essas catástrofes acontecem. Um país continental tem seus problemas", disse o presidente.
A comitiva foi formada pelos ministros Daniel Ferreira (Desenvolvimento Regional), Carlos Brito (Turismo), Ronaldo Bento (Cidadania) e Marcelo Queiroga (Saúde) e Anderson Torres (Justiça).
As fortes chuvas acontecem desde a segunda-feira (23). A primeira morte ocorreu na quarta-feira (25), em Olinda. Desde então, foram mais de 90 óbitos confirmados em decorrência das chuvas no estado.
O presidente disse que tentou pousar em áreas atingidas, mas que não foi possível devido ao risco. "A recomendação dos pilotos era que, tendo em vista a consistência do solo, poderíamos ter um incidente. Então resolvemos não pousar. Desde o início do problema das chuvas, como de praxe, as forças armadas foram as primeiras a se mobilizar e independente de qualquer solicitação", disse.
Bolsonaro passou cerca de duas horas e meia em Pernambuco. Veio de Brasília, aterrissou no Recife às 8h05 e às 8h30 saiu em sobrevoo por cidades do Grande Recife afetadas pelo temporal. O trajeto durou meia hora e, às 9h, voltou à Base Aérea, onde Bolsonaro concedeu entrevista coletiva junto a uma comitiva de ministros.
O presidente e ministros fizeram pronunciamentos e, ao final, responderam a perguntas de jornalistas. Às 10h10 a coletiva foi encerrada e, às 10h30, o presidente e ministros decolaram de volta para Brasília.
Verba
Durante a visita, o presidente disse que seriam repassados valores aos municípios. Em janeiro, uma Medida Provisória destinou, para todo o Brasil, R$ 1 bilhão, para a reconstrução dos locais afetados. Esse valor, segundo Bolsonaro, depende do pedido de entes públicos ao governo federal.
"Essa iniciativa começa com o respectivo prefeito, decretando calamidade total ou parcial em seu município. Isso segue para o MDR, o Ministério do Desenvolvimento Regional. Ele reconhece e publica. Publicou, no mesmo dia ele libera esses recursos. O prefeito de Jaboatão teve a iniciativa, pediu ontem e já está na conta dos seus munícipes", disse.
De acordo com a prefeitura de Jaboatão, foram liberados para o município R$ 2.3 milhões. O ministro do Desenvolvimento Regional, Daniel Ferreira, também disse que a criação de linhas de crédito devem ser propostas ao ministro da Economia, Paulo Guedes.
"A gente tem recursos para auxiliar inclusive na reconstrução de casas que tenham sido destruídas. Quanto a linhas de crédito, eu pedi para a equipe começar um estudo para propor ao ministro Paulo Guedes que leve ao Conselho Monetário Nacional uma proposta de criação de linha emergencial com recursos do fundo constitucional do Nordeste para atender pequenos agricultores, empresários que tenham tido problemas em razão desse desastre", afirmou.
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, também chegou ao estado com a comitiva e afirmou que, assim que for comunicado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) sobre o reconhecimento federal de emergência, vai ser liberado o acesso ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para os trabalhadores das áreas atingidas.
Outras visitas
Em outros desastres, Bolsonaro também visitou os locais afetados e chegou a ser criticado por causa de falas ditas sobre os problemas. Em fevereiro, ele sobrevoou cidades do interior de São Paulo, onde morreram ao menos 24 pessoas.
Na ocasião, ele lamentou as mortes, mas disse que "muitas vezes, as pessoas constroem a sua residência por necessidade em um local que, 10, 20, 30 anos depois, o tempo leva a desastres".
No final de dezembro de 2021, o presidente foi criticado por não retornar as cidades do sul da Bahia que ficaram alagadas com as chuvas. Ele tinha ido ao estado no começo de dezembro, mas a situação se agravou no final do mês.
Na época, Bolsonaro estava em Santa Catarina. A passagem do presidente no litoral catarinense foi marcada por passeios de motocicleta, de moto aquática, corte de cabelo, jogo na Mega da Virada, jantar em pizzaria e até uma visita a um parque onde se apresentou como piloto após show temático.
Durante as férias ele foi internado por causa de uma obstrução intestinal. Ao receber alta, ele disse que "é maldoso quem fala que estou de férias. Eu dou minhas fugidas de jet ski, dou uns cavalos de pau com carro no Beto Carrero", declarou.
Em fevereiro, as chuvas também atingiram Petrópolis (RJ) e deixaram centenas de mortos. Bolsonaro estava na Europa e voltou ao país para sobrevoar os locais afetados. Na ocasião, ele disse que não tem "como precaver de tudo que possa acontecer nesses 8,5 milhões de quilômetros quadrados".
Respostas
Sobre a crítica de Bolsonaro, o governador Paulo Câmara disse que não iria comentar. "Não vou comentar ato político. Nosso foco está no atendimento à população e no apoio aos municípios. Estamos no meio de uma emergência, com 26 pessoas ainda desaparecidas. Toda ajuda para o povo de Pernambuco será sempre bem-vinda", disse.
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