Com 20 quilômetros de extensão, o Rio Tejipió nasce no município de São Lourenço da Mata e seu curso corta os municípios de Recife e Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana
Foto: Breno Laprovitera/Alepe/Divulgação
A Alepe instalou nesta segunda (25/03) a Frente Parlamentar do Rio Tejipió. A iniciativa pretende propor soluções para os problemas socioambientais do curso de água, que decorrem da poluição e se agravam no período de chuva, afetando a vida dos moradores que residem ao longo do rio.
Com 20 quilômetros de extensão, o Rio Tejipió nasce no município de São Lourenço da Mata e seu curso corta os municípios de Recife e Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana.
Segundo o coordenador da Frente, deputado João Paulo (PT), a formação do grupo parlamentar ocorre em solidariedade à população afetada pelas inundações do Tejipió, em especial, residentes em Vila Maria Lúcia e Vila Aliança, situados no bairro do Ipsep, em Recife.
“Pretendemos ouvir os relatos das comunidades e das autoridades envolvidas, para elaborar, conjuntamente, soluções para o drama vivido pelos habitantes mais vulneráveis que, invariavelmente sofrem as consequências diretas de eventos climáticos severos como aqueles temporais de 2022, que resultaram em 133 vidas perdidas”, justificou.
Segundo o parlamentar, um dos problemas ambientais de maior gravidade é a contaminação da água e o desmatamento das suas margens. O parlamentar cobrou investimentos em saneamento básico, ações de reflorestamento e conservação das margens fluviais, além da participação ativa das comunidades locais na gestão dos recursos hídricos.
Relatos
Jéssica Dias, integrante do Fórum Popular do Rio Tejipió, avaliou que a criação da frente é uma conquista dos movimentos sociais na luta em favor da bacia.
“Estamos aqui para dar suporte a essa frente, justamente por ter lutado tanto para que ela existisse. Estamos dentro da bacia, conversando com as famílias, articulando pessoas, se juntando com outros movimentos locais, para que a gente possa fazer com que o rio saia da invisibilidade”, afirmou Jéssica.
Ela pediu que a instalação se traduza em ações concretas. “Queremos que esse cenário de pobreza, de vulnerabilidade socioambiental, em que as famílias estão há tantos anos, de fato se extinga e que essas famílias possam ter uma condição digna de estar no seu território”, declarou.
Luiz Mendes, representante do movimento Coqueiral em Ação e morador da região há 64 anos, pediu atenção especial às comunidades do Sapo Nu e Cortiço, que, segundo ele, moram praticamente dentro do rio.
Ele destacou a importância da escuta da população local. “”Quando o poder público escuta o povo, erra menos. A gente precisa concretizar essa frente e fazer com que ela funcione”, comentou.
Medidas
Liana Cirne (PT), vereadora do Recife e presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, ressaltou que a gestão de resíduos sólidos é de competência do município e a gestão dos rios é do estado de Pernambuco. Segundo a vereadora, a divisão impede o município de fazer muita coisa.
“A gente tem que entrar no debate sobre o custeio dessa gestão também pelo Governo do Estado. Hoje o município está custeando sozinho e isso esbarra num limite de gasto muito elevado”, afirmou.
De acordo com o cronograma de atividades da pasta, o próximo encontro está marcado para o dia 25 de abril, onde será realizada uma audiência pública para discutir o Plano de Contingência para a Bacia do Rio Tejipió.
Também participaram da reunião a ex-codeputada das Juntas, Carol Vergolino, André Araripe, representante da ONG FASE–PE, Augusto Semente, coordenador do Movimento da Mata Uchoa e Lorena Melo, representante do Centro de Estudos e Ação Social Dom Helder Câmara.
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